VÍDEO: veterinária usa papelão e seringa para improvisar bico e alimentar filhote de tucano resgatado após cair de coqueiro
03/12/2025
(Foto: Reprodução) Veterinária simula bico improvisado e alimenta tucano filhote resgatado no interior de SP
No dia 22 de novembro, um filhote de tucano foi resgatado após cair de um coqueiro de mais de 20 metros de altura em Novo Horizonte, no interior de São Paulo. A ave foi levada para a clínica veterinária de Viviane Silva, que, além de cuidar do pássaro depois da queda, encontrou um novo desafio: alimentar o animal, que até então dependia totalmente da mãe.
Viviane teve a ideia de criar algo que simulasse o bico da mãe, facilitando a alimentação voluntária do filhote. Para isso, utilizou papelão, fita crepe, seringa e uma mangueira pequena, método que permite que a ave se alimente sem estresse e evita que ela aspire a comida.
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O tucano, apelidado de Tuca, foi resgatado por uma funcionária pública, e levado pelo protetor Marco Antônio Rodrigues à clínica de Viviane. Na unidade, ele foi alimentado com o bico improvisado e se adaptou rapidamente.
Conforme a especialista, a alimentação é baseada em frutas como banana e manga, fornecidas por meio de doações de comerciantes da cidade.
"Para que os filhotes se sentissem mais seguros e aceitassem o alimento, nós criamos um bico improvisado que simula o tratamento da mãe. Ele tem o tamanho do bico de um tucano adulto, com aquela curvinha na ponta. Por dentro, passamos uma sonda que se conecta a uma seringa com papinha de frutas", explica Viviane.
Viviane demonstrou entusiasmo com o estado de saúde de Tuca e acredita que, em pouco tempo, a ave poderá retornar à natureza. A data, no entanto, ainda não foi definida.
"Felizmente, Tuca ficará pouco tempo em reabilitação, pois, apesar da queda, não houve lesões. Vamos aguardar a maturidade da ave para podermos soltá-la próxima ao ninho onde ela nasceu", afirma a veterinária.
Bico improvisado foi feito de papelão, fita, seringa e mangueira para alimentar tucano resgatado em Novo Horizonte (SP)
Viviane Silva/Arquivo pessoal
Outras aves resgatadas
Viviane conta que também já cuidou de outras aves resgatadas. Em maio de 2022, ela recebeu uma coruja Tytonidae, conhecida popularmente como Suindara, que chegou recém-nascida e com poucas chances de sobrevivência. Ela adaptou a clínica com um viveiro grande para que a ave aprendesse a voar e, após a recuperação, que levou cerca de sete meses, a coruja foi reintegrada à natureza.
🔎 A suindara (Tytonidae), conhecida também como coruja-da-igreja, coruja-branca ou rasga-mortalha, é mencionada em um ditado popular que associa seu grito à chegada da morte. O mito surgiu devido ao seu canto noturno, que se assemelha ao rasgar de uma mortalha (vestimenta usada para envolver o cadáver para o sepultamento). No entanto, especialistas explicam que a presença dessa coruja é positiva para o ambiente. Ela se alimenta principalmente de roedores, ajudando no controle de pragas.
Veterinária acolheu coruja da espécie suindara e adaptou sua clínica em Novo Horizonte (SP) para a ave aprender a voar
Viviane Silva/Arquivo Pessoal
Depois disso, Viviane atendeu outras aves, como corujas e maritacas, até a chegada de Tuca.
À reportagem, Viviane descreveu o misto de sentimentos que surge no cuidado de animais silvestres, que transita entre desafio e realização. Ela destaca que respeitar o tempo do animal é fundamental para ganhar confiança.
"Cuidar de um animal silvestre é sempre um desafio, porque eles chegam com muito medo e, por instinto, atacam para se defender. Quando conquistamos a confiança deles, é a maior gratificação que existe. O medo se transforma em carinho, em reciprocidade. Parece um paradoxo, pois o que mais me emociona é vê-los ir embora. Eu sinto uma saudade imensa, mas a sensação de dever cumprido me deixa completamente realizada", comenta a veterinária.
Veterinária acolhe tucano que caiu de coqueiro de 20 metros em Novo Horizonte (SP)
Viviane Silva/Arquivo pessoal
*Colaborou sob supervisão de Gabriela Almeida e Henrique Souza
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